Ser feliz ou ter razão ? Ser autêntico ou omisso?

“Muitas pessoas são dotadas de razão, muito poucas de bom senso.”

— Gustave Le Bon

Escrevi sobre esse assunto há mais de 10 anos. Na época, eu já acreditava que muitas brigas poderiam ser evitadas se simplesmente deixássemos de lado a necessidade de ter razão o tempo todo. E sabe de uma coisa?

Hoje, com 51 anos, continuo acreditando exatamente nisso.

Guardei comigo esse trecho do que escrevi anos atrás:

“Quando eu cito ser feliz ou ter razão, eu quero que você pare para pensar quais batalhas você quer entrar e quais valem a pena provar que a outra pessoa estava errada ou que você que estava certo. Meu pensamento é:

Você deve perder algumas batalhas para ganhar a guerra, que é ser feliz.

Começarei com um exemplo bobo mas que reflete bem o que tento passar:

Um casal resolveu jantar num restaurante novo e fizeram uma reserva. A esposa se atrasou um pouco e, próximo ao local, os dois divergiram sobre qual rua seguir.

O marido tinha certeza de um caminho, mas aceitou a sugestão da esposa, mesmo sabendo que poderia atrasar mais.

No fim, a esposa errou. Mas ele não discutiu. Não fez questão de provar que estava certo. E por isso, a noite foi leve, divertida e inesquecível.

Esse exemplo pode parecer bobo, mas se aplica a tantas outras situações… Às vezes, no fundo, a outra pessoa já sabe que errou — e apontar isso só gera mais desgaste.

O que você realmente ganha provando que está certo? No trabalho, então, quantas vezes calar é sabedoria? Mostrar que seu chefe está errado pode custar sua promoção… ou seu emprego.

Eu já perdi viagens e jantares por querer ter razão. E já vivi experiências incríveis quando escolhi simplesmente ser feliz.”

Hoje, eu acrescentaria um novo ponto:

Com tanta cobrança por sermos sempre politicamente corretos, será que também não estamos abrindo mão demais da nossa opinião? Em nome da harmonia, temos engolido verdades, disfarçado pensamentos e nos silenciado para não desagradar.

Onde está o limite entre evitar conflitos por sabedoria… e se calar por conveniência?

Quando ceder é nobre e quando vira omissão?

Continuo achando que muitas batalhas não valem a pena. Mas também acredito que existem momentos em que o silêncio cobra um preço alto: o da autenticidade.

É preciso saber equilibrar. Ser feliz, sim. Mas também ser inteiro. E às vezes, isso exige dizer o que se pensa — com respeito, mas com firmeza. A grande sabedoria talvez esteja em saber a hora de calar… e a hora de falar.

“Você não precisa vencer toda discussão. Mas também não pode perder a si mesmo em nome da paz.” – Reflexão pessoal