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Nazaré – Ondas e fé

Nazaré é uma daquelas cidades portuguesas que conseguem unir tradição, religiosidade e um espetáculo natural que a colocou no mapa do mundo: as ondas gigantes. Localizada a pouco mais de 120 km de Lisboa, é um destino que mistura o charme de uma vila pesqueira com a grandiosidade do Atlântico.

A história de Nazaré é profundamente marcada pela devoção a Nossa Senhora da Nazaré. A lenda do cavaleiro D. Fuas Roupinho, salvo por um milagre da Virgem ao quase cair de um penhasco, está presente em cada canto da cidade. Esse episódio deu origem ao Santuário de Nossa Senhora da Nazaré, no alto do Sítio, um dos lugares mais visitados por turistas e peregrinos.

O Sítio da Nazaré é também o miradouro mais famoso da região. Do alto, é possível contemplar a praia se estendendo até perder de vista e observar como o oceano molda a vida da cidade. Ali em cima, além do santuário, há pequenas lojas de artesanato, mulheres ainda usando as tradicionais sete saias e ruas estreitas que conservam a atmosfera típica portuguesa.

Nós fomos a Nazaré com amigos, estacionamos no alto do Sítio e descemos até o Forte de São Miguel Arcanjo para ver as ondas. Na época estava acontecendo um campeonato, e a energia era contagiante. O forte, além da vista impressionante, abriga um museu muito interessante que conta a história das ondas gigantes e dos surfistas que as enfrentaram.

O grande impacto, no entanto, é estar diante do local das maiores ondas do mundo. Quando visitei, em fevereiro, as ondas estavam em tamanho médio e já impressionavam. Os surfistas faziam o tow-in, sendo rebocados por jet skis até o ponto certo da arrebentação, antes de descerem paredes de água que parecem impossíveis. Já existe até a opção de passeios de barco que levam turistas para perto da arrebentação, oferecendo um gostinho da adrenalina — mesmo sem subir em uma prancha.

Foi nesse mesmo cenário que Nazaré ganhou destaque mundial com Garrett McNamara, e que hoje continua vivo nas performances de nomes como Pedro Scooby e Lucas Chumbo. Ver brasileiros encarando ondas que passam de 20 metros é sentir o poder do Atlântico e a coragem de quem o desafia.

Além da adrenalina, Nazaré também oferece uma gastronomia marcante. Os pratos à base de peixe fresco e frutos do mar dominam os cardápios. Caldeirada de peixe, sardinha assada e arroz de marisco são algumas das especialidades que fazem qualquer visita se transformar também em uma experiência gastronômica.

E o melhor é que Nazaré pode ser encaixada em um roteiro mais amplo. Se você tiver um dia inteiro, vale a pena combinar a visita com outros destinos próximos. Fátima, um dos maiores centros de peregrinação do mundo, fica a menos de uma hora de carro. Já a vila medieval de Óbidos pode ser incluída no mesmo percurso, oferecendo um contraste encantador entre a adrenalina das ondas e a tranquilidade das muralhas medievais.

Para quem planeja visitar, a viagem a partir de Lisboa é simples e rápida, seja de carro ou ônibus. Para ver as ondas em sua melhor forma, a recomendação é ir no inverno, entre novembro e fevereiro, quando os recordes costumam ser quebrados. Já para quem prefere aproveitar a praia de forma mais tranquila, o verão português é o momento ideal.

No fim, Nazaré é mais do que ondas gigantes. É tradição, fé e espetáculo da natureza em um só lugar. Para mim, estar ali e ver de perto o tow-in, os surfistas rebocados por jet skis e a multidão vibrando foi uma experiência única. Nazaré mostra que viajar é também se deixar impactar por algo maior do que nós — e ainda dá a chance de encaixar no mesmo dia visitas a lugares históricos como Fátima e Óbidos.


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